quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Lembranças...

Ontem foi um dia cheio de recordações. A palavra de ordem do dia foi, nostalgia. Fui doinado por esta sensação quase o dia todo.
Tudo começou pela manhã, lá na UEPB. Estava na biblioteca estudando, esperando que chegasse a hra de aula (estou dispensao de algumas), quando escuto na sala de baixo, a do primeiro período um verdadeiro restardalhaço! Soube logo que era o trote! Meus colegas de sala o haviam planejado e eu não sabia de nada, então fui pego de supresa. Desci as escadas correnso, pois não queria perder.
Estavam todos os feras dentro da sala sendo pintados à dedo, pelos alunos do primeiro período. Depois foram todos amarrados uns aos outros com uma corda, que os prendia sempre no pulso esquerdo, e descalços, nos fazendo lembrar do mercado de escravos. Prestei bem atenção e percebi logo que, apesar da referência, não havia negros naquela turma. Os alunos eram jovens, brancos, cheios de expectativas sobre o curso... tive inveja.
Lembrei imediatamente de meu trote, quando tinha dezesseias anos, a cara cheia de espinhas e, também cheio de expectativas. Lembrei finalmente que no começo daquele curso eu tinha expectativas, exatamente como eles. Cheio de sonhos, sem nenhum medo de falhar, de errar.
Comecei a me questionar, como foi que eu mudei, em que momento. Quando foi que me dei conta que ali, não estaria sendo eu, seguindo meus sonhos... eu não lembro. Será que isso aconteceria com algum deles? Com alguns?
Percebi como aquela turma era grande, e comentei com uma colega. Então ela me respodeu: - Mas você não sabe que em alguns meses só restará a metade?
Então tive inveja dessa metade, daqueles que restam. Os que ficam até o fim. Até o momento, eu tinha sido mais um que desisitia. Tentei o primeiro período três vezes, e em todas desisti. Pelos motivos mais diversos, eu desisiti. Embora quizesse tanto! Intensamente! Mas não havia mais espaço para sonhar. Não havia tempo para perder tempo com mais uma graduação, em que não poderia, e não posso, me dedicar completamente, me inserindo em projetos de pesquiza, monitorias, e toda aquela produção de conhecimento que só uma universidade pode oferecer, e que eu, jamais havia aproveitado.
Será que algum deles iria aproveitar? Provávelmente! E eu? Será que eu ainda poderia? Não tenho certeza.
À note, quando cheguei em casa, sentei no pequeno sofá da saleta de televisão, elá havia um album de infância de minha irmã, Sarah. O album estava destruído, sempre fôra daquele jeito, sem capa. A primeira foto que vi foi uma foto em que eu estava sentado em um paralelepípedo, tão pequeno ainda, e ela se apoiava em minha perna esquerda, acho que tentando ficar em pé, usando apenas uma daquelas calcinhas cheias de babados na bunda, branca. Parece que se chama de bundex... n sei bem!
Ri com a imagem, e com a verdade naqueles rostos infantis, ensolarados, vivos. Ri, com a verdade que aquela fotografia mostrava, acho que a minha verdade. Talvez a nossa. Quem tirou aquele retrato não devia imaginar que, tantos anos depois aquela seria a nossa realidade: teríamos a companhia um do outro apenas. É assim que sinto, como se tivéssemos um ao outro com quem contar. Aquelas crianças estavam lá, unidas, cada uma com seu mundinho, respeitando o espaço um do outro, mas sabendo que o outro estava lá. Eu vi aquela foto desta maneira. talvez, porque é assim que nos vejo hoje, em nossas vidas, no nosso dia-a-dia. Chorei. Um chôro calado, mudo, não sei ao certos se estava triste ou alegre. Talvez um pouco dos dois, cada um em sua medida, mas ambas sempre presentes: a tristeza e a alegria, juntas.

Nenhum comentário: