segunda-feira, 21 de abril de 2008

Apenas um pensamento...

Thomas Hobbes não acreditava na bondade do homem, para ele o ser humano é essencialmente egoísta. É sua a celebre frase: “O Homem é o lobo do homem”.
Eu jamais concordei com este pensamento, embora tenha sido há pouco que vim a conhecê-lo, sempre acreditei que o homem era moldado pelo meio em que vivia, que em sua essência o homem é bom, um pouco mais à lá Rousseau, que dizia que o homem é essencialmente bom sendo corrompido pela sociedade.
Mas, ao ligar a televisão e me deparar com garotinhas assassinadas por madrastas, e pais que tentam acobertar crimes tão bárbaros defenestrando a própria filha começo a me indagar se Hobbes não estava certo.
Sei que alguns animais comem suas crias, talvez como algum controle de natalidade imposto pela natureza, mas não consigo conceber como um ser humano, em tese, um ser superior dotado de raciocínio que, de certa maneira, tem internalizado em sua própria natureza princípios como “o direito à vida” que é, segundo alguns inclusive eu, de origem divina possa agir de tal modo.
Não estou aqui tentando julgar o comportamento de qualquer indivíduo, mas compreendê-lo. Foi também Rousseau que falou que “seguir o impulso de alguém é escravidão, mas obedecer a uma lei auto-imposta é liberdade”, e na minha concepção, talvez limitada, qualquer homem se impõe uma lei fundamental, de garantir a continuidade de seus genes, de proteger sua prole. Então um homem que atira sua filha pela janela, mesmo que estivesse pensando que ela já estava morta, para proteger a pessoa que lhe havia ceifado a vida certamente é guiado por princípios diferenciados, ou desobedeceu a uma lei auto-imposta, o que é no mínimo contraditório. Mas tamanha contradição me faz questionar o que mais ele seria capaz de fazer. Mais ainda, me leva a um outro questionamento: quantos mais são capazes de agir de maneira similar? Ou, o que é mais assustador: Será que num rompante EU sou capaz de cometer algum ato como este?
Talvez Hobbes tenha mesmo razão, não sei. Mas sei que há dois mil anos, um homem apareceu comum discurso revolucionário: o amor. “Amai ao próximo como amas a ti mesmo”. Certamente ele não queria que andássemos por ai entregando flores, distribuindo beijos e abraços, mas que tratássemos a todos com dignidade e respeito, da mesma maneira que gostaríamos de ser tratados, o que não é tão fácil quando pensamos em pais que matam os próprios filhos, mas que provavelmente, impediria que chegasse a tanto.

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