segunda-feira, 24 de março de 2008

Meus Jardins Secretos


Quando eu era criança, costumava sonhar que ia ao Centro histórico da cidade na companhia de minha mãe. Lá, encontrava uma grande chave de ferro, me perdia da minha mãe e, então no cantinho de um muro branco via uma portinhola, pela qual apenas uma criança poderia passar. Tentava abrir a pequena porta coma chave que havia encontrado, e ela funciona perfeitamente. Então, me deparo com um jardim belíssimo que me enche de um sentimento agradável de paz, conforto e segurança. Quando acordava, estava dominado pelo mesmo sentimento, acrescido da nostalgia. Saudade daquele lugar maravilhoso, perdido no tempo e no espaço. Vale dizer que por muito tempo, sempre que eu ia ao Centro da cidade, tentava encontrar qualquer vestígio daquele lugar, mas, jamais conseguia encontrá-lo.
Nesse feriadão de Páscoa, sonhei novamente com aquele jardim. Já havia experimentado uma sexta-feira super divertida, terminando a noite regada a muito vinho (inclusive passei mal). Então no sábado, ainda com um pouco de ressaca, acordei encantado com o sonho antigo. Com saudade da criança que eu fui um dia, confortado, em paz.
Aproveitei aquele dia de um modo diferente. Com risos fáceis, acompanhado de amigos, de música, e agraciado por uma vista privilegiada do mar, que estava especialmente bonito.
À noite, parece que todos estávamos nesta mesma sintonia, dominados por uma alegria infantil, ingênua e totalmente sincera. Brincamos. Banhados pela luza da lua, o mar seco, a noite amena, nós brincamos.
- Sete pecados para: Vanessa.
E lá estava eu correndo loucamente rindo sem parar, para ficar o mas longe possível e não ser “baleado” ou, correndo atrás da bola para pegá-la antes que os outros ficassem longe demais! E mais risos.
- Vamos brincar de barra-bandeira!!
E corríamos de um lado para o outro tentando alcançar a tal bandeira (acho que eram as sandálias de Luana), e tentando impedir q o outro time conseguisse recuperar sua bandeira primeiro, discutindo que regras eram válidas, e sem nenhuma preocupação além de rir.
Quando vim escrever hoje, percebi então que havia encontrado o jardim do meu sonho naquela casa na praia. Que saí de lá, dominado pela mesma sensação que tinha quando acordava daquele sonho. Lembrei-me que de outras vezes já havia experimentado isso, como quando viajamos com o coral ou quando, ainda ‘ator’ estava em cartaz no Lima Penante com “A Feira” ou quando apresentei “Maria Roupa-de-Palha”.
Conclusão: Ao contrário do que pensava quando eu era criança, eu consegui várias vezes encontrar o meu jardim secreto. Não exatamente um jardim. Mas um lugar no tempo e no espaço, um momento vivido intensamente, apartado da rotina do dia-a-dia, como se, por alguns dias, horas ou, até minutos, estivesse em outra dimensão. E quando tal momento acaba, estou mais vivo, com um pouco de saudade do que acabou, mas vendo tudo com outros olhos e muito mais feliz, pronto para voltar à realidade, à rotina que, no fim das contas, nem é tão ruim assim... É até boa!

Nenhum comentário: